___ Maninha! Você não vai acreditar no que eu fiz hoje na escola!
___ Desculpe João, mas não estou a fim de ouvir ___ ela disse.
João saiu da sala com uma cara brava e resmungou algo do tipo: “sua chata” que Monalisa não entendeu muito bem. Ela não era obrigada a ouvir as “aventuras” de um garoto de nove anos.
Se convenceu de que tocar piano sossegada naquela hora seria impossível. Sentou em frente ao computador, onde passou as três horas seguintes. Não costumava dormir cedo, mas como haveria prova no dia seguinte, o que descobrira há uma hora graças a uma amiga mais informada que ela, resolveu dormir às dez.
Os cabelos pretos, compridos e escorridos, a pele pálida e os olhos cinzas caracterizavam perfeitamente a menina insatisfeita e rebelde que era Monalisa. Seu tipo físico magrelo e seu mero um metro e meio infelizmente não a ajudavam quando queria impor suas vontades.
Desde os treze anos ela discutia com os pais sobre suas companhias e seu amor pelo rock. Já faziam dois anos, quando aquilo tudo ia acabar?
Por sorte matemática nunca fora um problema para Monalisa, conseguiu facilmente gabaritar a prova que muitos julgaram difícil.
___ Como você faz isso, Lisa? ___ Fernanda, a mesma que a havia informado sobre a prova, perguntou.
___ Isso o que?
___ Consegue gabaritar uma prova da qual nem teve o conhecimento!
___ Sei lá. ___ Monalisa deu de ombros. ___ Não quer falar de algo que não esteja ligado à escola?
___ Tudo bem ___ Fernanda aceitou a sugestão. ___ Como vai com o Otávio?
___ Estaria indo tudo ótimo se não fosse pelos meus pais.
___ Entendo. O problema dos cabelos compridos.
___ E das camisas de banda, dos tênis surrados, dos jeans rasgados e afins.
___ Não sei como ainda não desistiu! Persistente você, eim?
___ Não vou desistir. Meus pais que desistam de pegar no meu pé! Eu estava pensando no que eu vou fazer da minha vida quando completar dezoito. Vou ter que continuar na casa dos meus pais e nada vai mudar para mim!
___ Putz! Mas acho que até lá eles desistem.
___ Acho que não.
Monalisa passou o início da tarde tocando piano e pensando no que poderia fazer. Banda nem pensar! Seus pais teriam um enfarte se a vissem tocando em banda com todos aqueles “rockeiros cabeludos”.
Já estava desistindo quando lhe veio uma idéia: escrever um livro. Ela levava jeito pra coisa e era criativa. Não era cem por cento a chance de sucesso, ainda mais num pais como o Brasil, mas poderia dar certo. Ela só ia descobrir tentando.
Interrompeu seus exercícios no piano e foi se sentar em frente ao computador. Começou a digitar as primeiras linhas. Organizou as idéias, procurou sites com dicas e passou o resto da tarde e o início da noite escrevendo. Fez apenas duas pausas, uma para um lanche e outra para um banho relaxante de meia hora. Às onze desligou o computador e foi dormir feliz. Tudo parecia estar finalmente dando certo.
O dia seguinte seria sábado e Monalisa havia resolvido que passaria a manhã e a tarde escrevendo. À noite sairia com os amigos, se sua mãe permitisse, é claro! Precisava ver o Otávio.
Às nove da manhã Monalisa foi acordada pelo seu despertador vivo particular, João, que “socou” a porta do seu quarto até ela resolver abrir. Conseguiu enxotar João do se quarto e arrumou a cama. Foi até o banheiro e tomou um banho, o dia seria dedicado ao seu futuro livro. No café-da-manhã comeu cereais com leite e depois escovou os dentes. Às dez se trancou no quarto com um pacote de biscoitos recheados e ligou o computador.
Antes de qualquer coisa abriu sua pasta de músicas e, depois de alguns minutos contemplando as pastas com nomes de bandas, optou por Triumvirat, álbum Old loves die Hard. Sem dúvida uma boa escolha para ouvir em quanto escrevia. Depois de meia hora escrevendo salvou o arquivo Word. Abriu o Messenger e colocou para aparecer offline. Analisou sua listas de contatos online e clicou em “Fê!”.
Monalisa: Hey!
Fê!: Opa! Como q tá?
Monalisa: Bem. Vc?
Fê!: Bem tbm...
Monalisa: Rua hj noite?
Fê!: Pd ser...
Monalisa: Cool! Vô pedir p/ mãe.
Fê!: Me too. Qnd ela chegar.
Monalisa: Mãe deixou, mas só se vc for.
Fê!: Oks!
Monalisa: Vou escrever então... Bjs!
Fê!: Escrever?
Monalisa: É! Dps te explico!
Fê!: Tá! Bjs =*
Monalisa deixou o Messenger aberto esperando o Otávio fica online e voltou a escrever. Depois de duas horas ele entrou no Messenger.
Monalisa: Tô aki! Rua hj noite?
Tavo: Sim!! Pq off?
Monalisa: Tô escrevendo... xD
Tavo: Hã?
Monalisa: Dps te explico.
Tavo: Ok!
Uma nova janela abriu no computador de Monalisa.
Fê!: Lisa! Tá ai?
Monalisa: Uhum, pd falar!
Fê!: Ñ vô poder ir... :s
Monalisa: Pq? :(
Fê!: Cuidar do irmão mala --‘
Monalisa: ok...
Ela abriu novamente a janela do Otávio.
Monalisa: Ñ vou poder ir... --‘
Tavo: =(
Tavo: Pq?
Monalisa: Fê ñ vai, minha mãe ñ vai deixar eu ir se ela ñ for...
Tavo: Putz! Então tbm nem vô.
Tavo: Amanhã a tarde então?
Monalisa: Ok =D
Tavo: =)
Monalisa: Fui... Bjs!
Tavo: Beijão linda! (L)
Monalisa: *-*
Depois de se despedir do Otávio, Monalisa se despediu de Fernanda e fechou o Messenger.
Fernanda era a única amiga de Monalisa que seus pais julgavam “normal” e a única com quem eles deixavam ela sair.
Ela voltou a escrever, mas quinze minutos depois seu irmão bateu na porta a chamando para almoçar.
***
Otávio acordou às dez, desanimado. Tomou café-da-manhã e foi tocar guitarra. Meio dia ele entrou no Messenger e não viu Monalisa online. Quando ela falou com ele um sorriso brotou em seu rosto.De alguma forma aquela menina o fazia bem. Infelizmente os pais dela não gostavam dele. Desistiu de sair à noite quando soube que ela não ia e, quando ela se despediu, achou que ficar no Messenger seria uma perda de tempo. Voltou a tocar guitarra até sua mãe o chamar para almoçar meio dia e meia.
Passou em frente ao espelho e parou por alguns segundos. Contemplou a imagem do garoto de dezesseis anos cabeludo e se perguntou se cortando o cabelo e parando de usar “aquelas roupas” os pais de Monalisa mudariam de idéia sobre ele. Se imaginava sem os cabelos pretos, compridos e meio ondulados. “Até que eu não ficaria feio” pensou. Depois foi almoçar.
___ Mãe, eu estava pensando em cortar o cabelo ___ ele disse causando uma reação de susto em sua mãe.
___ Que bicho te mordeu? ___ Ela perguntou.
___ Sei lá! Quero mudar um pouco.
___ Acho uma ótima idéia!
***
Elisa sempre fora mantida em uma “caixa de vidro” pelos pais. Vivia no seu mundo de conto de fadas, onde não existia maldade, protegida da cruel realidade. Estudava em casa com professores particulares e suas amigas eram filhas de amigos dos seus pais que estavam na mesma situação que ela. Uma menina de catorze anos que assistia à musicais da Disney e brincava de bonecas. Participava dos jantares que seus pais promoviam e era mimada por todos os convidados.
___ Elisa, hoje eu e seu pai temos convidados para o jantar ___ frase que ela já estava acostumada a ouvir.
___ Quem vem jantar conosco? ___ ela perguntou.
___ Um sócio da empresa do seu pai. Ele vai trazer a esposa e o filho ___ a mãe respondeu e depois se virou para o marido, Victor. ___ Quantos anos o filho deles tem amor?
___ Quinze anos. ___ Victor respondeu.
___ Viu filha ___ a mãe se virou novamente para Elisa e disse ____ vocês podem ser amigos.
O Sr. Hunter chegou para o jantar com sua família às oito. Monalisa foi quem atendeu a porta cumprimentando a todos com um “boa noite” educado. Depois foi anunciar aos pais a chegada dos convidados.
___ Júlio! Como vai? ___Victor cumprimentou o Sr. Hunter com empolgação. Essa é a minha esposa, Anna, e vejo que já conheceu minha filha Elisa ___ ele apresentou.
Anna cumprimentou Júlio.
___ Essa é minha esposa Vânia e o meu filho Gustavo.
Todos terminaram as apresentações e cumprimentos e Anna convidou a todos a irem jantar.
Depois do jantar todos foram se sentar nos confortáveis sofás da sala para tomar chá e conversar. Elisa não tinha o menor interesse em participar da conversa dos pais e dos pais de Gustavo. Quando terminou de tomar o chá de abacaxi foi se sentar numa cadeira da varanda. Gustavo a seguiu e sentou ao seu lado. Os dois conversaram.
Gustavo não era como Elisa, ele estudava numa das escolas mais caras da cidade e saia com os amigos freqüentemente. Elisa achou as historias dele o máximo e sentiu uma pontinha de inveja por ter uma vida tão sem graça.Gustavo a prometeu de que convenceria seus pais de deixá-la sair com ele e os amigos algum dia.
Os Hunter foram embora e Elisa, depois de dar boa noite aos pais, foi dormir. Antes de adormecer pensou em Gustavo, não sabia o porquê, mas gostava dele.
***
No domingo à tarde Monalisa saiu com Fernanda e encontraram com Otávio, que também estava com um amigo, o Luan. Otávio e Monalisa foram para um lugar mais reservado para conversarem enquanto Luan tentava desesperado conseguir a atenção de Fernanda, que não dava à mínima e observava a amiga e Otávio de longe.
___ E então, linda, como está? ___ Otávio perguntou.
___ Mais ou menos. Sabe como são meus pais, impossível estar tudo ótimo quando estão pegando no meu pé.
___ Isso vai passar, Lisa, um dia eles vão perceber que tem a filha perfeita e estão reclamando à toa.
___ Assim espero. E com você, como andam as coisas?
___ Na mesma ___ ele riu ___ mas com você aqui eu estou ótimo. ___ Monalisa corou. ___ E que história era aquela de escrever?
___ Ah! Estou escrevendo um livro... Nada de mais.
___ Quero ler!
___ Quando eu terminar eu deixo.
Otávio fez uma cara triste.
___ Mas vai demorar...
___ Vai ter que esperar! ___ Monalisa riu.
___ Tá né! Fazer o que... De qualquer forma, boa sorte!
___ Obrigada.
Otávio olhou nos olhos de Monalisa e ficou ali, fitando-a, por pouco mais de um minuto. Nenhum dos dois disse nada até que Otávio deu de ombros.
___ Será que seus pais mudariam de opinião sobre mim se eu cortasse o cabelo e usasse roupas mais “normais”?
Monalisa arregalou os olhos.
___ Com certeza! Mas você não vai fazer isso, né?
___ Se isso fizer com que eles me aceitem, vou fazer sim! E isso não será por eles, será por você, minha linda, eles vão nos deixar sair juntos, e tudo o que eu quero é estar com você! ___ Monalisa não disse nada, apenas olhou para baixo. ___ Ei! ___ Otávio levantou a cabeça dela com o indicador e a fitou. ___ Quantas vezes vou ter que repetir que eu te amo e que eu faria tudo por você, eim? ___ Ele a beijou demorada e apaixonadamente.
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Bem, esse foi o primeiro capítulo da primeira temporada de Monalisa. Espero que tenham gostado. Esse é só o início, ainda tem muita coisa para acontecer! Na segunda-feira que vem tem mais um capítulo, não percam!
=*'s da Wasp!
adorei! *-*
ResponderExcluirescreve rapido esse segundo capitulo em
Gostei muito do primeiro capitulo parabéns, e quero ler o resto dessa história...
ResponderExcluirBy; Gabriel Daudt
Gostei muito desse capítulo, quero ler o resto!
ResponderExcluirEu estou seguindo vc !
beijos